segunda-feira, 28 de maio de 2007

COMO SABER A VONTADE DE DEUS?

Aí está um dos maiores desafios do homem: discernir a vontade de Deus.Discernir é conhecer, passar a saber, desvendar, tornar claro, saber claramente, dirimir dúvidas, enfim, saber o que Deus quer sobre isso ou aquilo. É comum em nossas orações dizermos frases do tipo "Deus, ajuda-me a saber qual é a tua vontade", e é comum também ouvirmos pregadores explicando sobre a importância de se saber qual é a vontade de Deus para a nossa vida. Dito isto, torna-se imprescindível esclarecer duas coisas: a) é possível descobrir com absoluta segurança qual é a vontade de Deus para uma pessoa, ou, menos abrangente, para uma determinada situação? b) como descobrir a vontade de Deus? Acredito mesmo que o interesse em descobrir qual é a vontade de Deus tenha se tornado uma angústia para muita gente. Gente que se frustrou ao perceber que o seu casamento "não era da vontade de Deus", ou que vive terrível dilema ao achar que o seu atual emprego não significa para sua vida o "centro da vontade de Deus". Gente que sofre diante da necessidade de fazer escolhas do tipo "que curso fazer", "que ministério abraçar", "que nome dar para o filho". Dessa forma a bênção se transforma em maldição: querendo descobrir qual a vontade de Deus (bênção) há quem transforme a sua vida num ambiente de neuras (maldição). Por detrás dessa saga existencial-religiosa pode-se perceber alguma(s) dessas possibilidades: a) compreensão da divindade como o controlador minucioso da vida: esse é o caso dos que atribuem a Deus a tarefa de cuidar dos pormenores do dia-a-dia, confundindo o poder absoluto de Deus sobre a vida com a função das câmeras do Big Brother. b) transferência de responsabilidade: é provável que alguém com dificuldades de tomar decisão devido sua educação familiar, ou outra razão de descompasso psicológico, queira transferir para Deus a responsabilidade de decisões que competem à sua responsabilidade. c) instrução equivocada sobre fé e vida: nesse caso confunde-se os limites entre decisões de fé e decisões da vida; crer no Senhor Jesus como Salvador é uma decisão de fé, saber com quem casar é uma decisão da vida. d) misticismo exagerado: há quem acredite que tudo na vida é místico, sobrenatural - se o cafezinho lhe queima a língua ele acredita que foi o capeta quem providenciou a arapuca do café quente; para esses o insucesso profissional pode ser fruto de uma conspiração cósmica face a uma decisão equivocada que não estava "de acordo com a vontade de Deus". Pode ser que existam outras, mas por enquanto essas 4 possibilidades bastam. Voltando às duas questões levantadas no primeiro parágrafo, é possível dizer que: a1) é possível saber com absoluta segurança qual a vontade de Deus. O apóstolo diz que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. O profeta afirmou que Deus não quer que ninguém se perca. E assim por diante, é possível listar inúmeras "vontades" de Deus. a2) não é possível saber com segurança se o João deve se casar com a Maria ou com a Antônia, ou coisas desse tipo, pelo simples fato de que Deus nos dotou da capacidade de raciocinar, dentre outros motivos, também para saber fazer escolhas. Deus não está preocupado se você vai optar por ser antropólogo ou surfista, comprar uma casa de campo ou viajar 2 vezes por ano para a Europa. Ele parte do pressuposto de que nós temos amplas condições de tomar decisão conforme as nossas condições, circunstâncias, habilidades, formação cultural, finanças, emocional etc. b) discernimos a vontade de Deus através de pelo menos 3 ferramentas: 1) Sua Palavra - a Palavra de Deus é fiel e digna de toda aceitação e nós muitas vezes erramos por não conhecê-la (entenda-se o "conhecê-la" por saber o que ela quer dizer e não por aquilo que eu quero que ela diga), nela encontramos princípios válidos para todas as ocasiões e épocas da vida; 2) inteligência - Somos seres inteligentes, dotados por Deus da capacidade de saber o que é certo e o que é errado; 3) bom senso - o bom senso é uma mistura de conhecimento com sabedoria, é o uso da prudência que nos faz perceber onde nossa mão alcança. Imaginar que é possível nunca tomar decisão errada é imaginar o absurdo, que é excelente como ideal, mas é inalcançável na vida real. O mais importante é saber que uma decisão errada pode ser corrigida assim que nosso orgulho nos permite reconhecer que erramos. Um abraço.

Heider Vieira

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