terça-feira, 21 de julho de 2009

UMA IGREJA "BOA SAMARITANA"

Paz e bem,

Há um problema sério quando uma igreja dita cristã se esquece dos seus valores mais profundo em prol de uma busca incessante de bens terrenos. Vemos mega-templos sendo erguidos, líderes enriquecendo, irmãos que pensam em riquezas como resultado direto de sua fidelidade, tudo isto em detrimento do que realmente vale à pena. A parábola do bom samaritano deveria ser a regra, não a exceção.

Será que o Senhor não se alegraria muito mais se, ao invés de mega-templos, tivéssemos uma igreja mais acolhedora com os necessitados? Que os riquíssimos pastores fossem um pouquinho menos ricos e mais preocupados em ser uma voz profética para denunciar o apartheid social e racial que vivemos? O que agradaria mais a Deus? Estamos investindo nossos recursos no lugar errado, isto para mim é fato. Precisamos de uma igreja “boa samaritana”, não uma igreja “laodiceiana”.

Incorporamos o culto à personalidade como uma de nossas práticas mais comuns. Cultua-se veladamente o missionário fulano, o bispo cicrano ou o apóstolo beltrano. Assim, temos as famosas igrejas com donos a quem se deve obediência cega como porta-vozes de Deus e o versículo “não toqueis em meus ungidos” é repetido interminavelmente, enquanto a orientação de Paulo quando ele diz que “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível” e “Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo” são olimpicamente ignoradas.

Continuamos mais conservadores que o restante da sociedade em relação aos usos e costumes, como se isto caracterizasse uma igreja cristã. Mas o que deveria caracterizar uma igreja cristã é o amor entre seus membros, sua capacidade de servir a todos e sua a voz profética para combater toda a injustiça. Não adianta defender a virgindade e fechar os olhos para os mendigos que muitas vezes estão às portas dos templos sendo gentilmente “convidados” pelos zelosos diáconos a manterem distância. Perdemos muito mais tempo debatendo se a masturbação é ou não pecado e dedicamos infinitamente menos esforço conclamando nossos irmãos a saírem da letargia e ajudar os necessitados. Temos muito mais crentes criticando o homossexualismo do que envolvidos em servir os que nada têm. Isto é inversão de valores e é por isso que vemos outros grupos se apropriarem de maneira muito mais positiva dos ensinos de Jesus do que nós que nos dizemos seus seguidores e defensores do seu legado.

Lembremo-nos que quando Jesus chamou os “benditos do Pai” no capítulo 25 de Mateus, ele não se referiu ao tamanho dos templos, ou à riqueza dos líderes, ou à prosperidade dos servos, nem aos milagres, nem às maravilhas, nem mesmo à santidade sexual, mas falou de coisas prosaicas como alimentar o faminto, vestir o nu, e abrigar os que não têm lugar.

Não estou advogando a pornografia, nem a prostituição, nem nenhuma outra conduta. Apenas digo que estamos investindo esforços demais em certos aspectos e negligenciando o que realmente faz a diferença entre santo e profano.

Sinceramente, a despeito de todo este crescimento que temos experimentado, eu temo pelo nosso futuro. Minha esperança está em poder motivar mais e mais pessoas a viverem um cristianismo verdadeiro, um cristianismo sem pedras nas mãos, um cristianismo em que apenas o Espírito Santo trabalhe para convencer os homens e reconciliá-los com Deus. A nós crentes cabe apenas manter nosso testemunho, e o testemunho que Deus quer não são palavras vãs, nem versículos vomitados, nem mesmo prosperidade. O testemunho que podemos dar é tirar a trave dos nossos olhos e vermos o outro com misericórdia e amor.

Que venha o verdadeiro avivamento!

Pr. Denilson Torres

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